segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Espectrofotómetro

O trabalho aqui apresentado concentra a sua atenção no espectrofotómetro gráfico, pelo que, doravante, será apenas referido como espectrofotómetro. No entanto, algumas das noções e conceitos aqui mecionados pontualmente, cruzam-se com definições e considerações mais genéricas sobre os variadíssimos tipos de espectrofotómetro.



História do Espectrofotómetro:
A Espectrofotometria  pode ser  definida como sendo um procedimento analítico através do qual se determina a concentração de espécies químicas mediante a absorção de energia radiante (luz).
Um espectrofotómetro gráfico consiste num instrumento utilizado para medir o espectro de absorção de um determinado material. O espectrofotómetro é utilizado para a análise pigmentos fotossensíveis impressos sobre amostras de papel ou de projecções de luz feitas por um monitor, isto no que se refere directamente à área gráfica, sobre a qual incide esta abordagem, pois as áreas onde a fotometria é usada são extremamente vastas, como anteriormente foi referido. Para tal, é feita a projecção de um feixe de luz com comprimentos de onda pré-definidos sobre uma determinada superfície, sendo medida a absorvância (quantidade de radiação absorvida) que a amostra apresenta a cada um dos ciclos de medição... mas isto são genericamente as questões técnicas por detrás deste tipo de instrumentos, e que não serão de aprofundar e explorar neste tipo de blog, como averão de compreender.
Tudo começou com as primeiras investigações sobre a relação existente entre as intensidades de radiação incidente e transmitida. Destacam-se as experiências de Pierre Bouguer (1729) e de Johann Heindrich Lambert (1760). Estes dois cientistas efectuaram observações independentes e verificaram que as propriedades associadas ao processo de absorção de luz podem ser enunciadas em termos de duas leis fundamentais:
- A intensidade de luz (monocromática) transmitida por um corpo homogéneo é proporcional à intensidade de luz incidente.
- A intensidade de luz (monocromática) transmitida decresce exponencialmente com o aumento da espessura da camada do corpo homogéneo.
A partir destes princípios e, adicionando o engenho à necessidade, evolui-se até aos diferentes tipos de instrumento de que dispomos nos dias de hoje. Instrumentos que, como já referi, se encontram desde o mundo gráfico até às profundezas do espaço, inseridos nos satélites e missões não tripuladas que enviámos por esse universo fora.



Impacto Social
Na área do trabalho gráfico, todos nós já nos deparamos com um velho problema: a imagem que nos aparece no monitor não tem nada a ver com a que é impressa e, além disso, não temos certezas  de como prever quais as cores que sairão na gráfica. Este problema era vivido diariamente pela maioria dos profissionais do mercado gráfico que tinham que se adaptar e improvisar soluções para lidar com este tipo de limitação. Com este equipamento, e desde a sua aparição mais vulgarizada, os padrões de qualidade e consistência na reprodução, deste tipo de trabalhos, aumentou significativamente. Só quando fazemos alguma incursão pelo passado, é que nos apercebemos de quanto esta área mudou. Hoje, os espectros de cor possíveis de representação são muito maiores, e isso, sem dúvida, graças, em boa parte, à ajuda dos espectrofotómetros, que nos permitem trabalhar de uma forma muito mais exacta, menos empírica. Isto traduziu-se, no fundo, numa prática muito mais optimizada e sistematizada na reprodução de cores e de todo o mundo que envolve as artes gráficas.


A sua Utilização

O Espectrofotómetro é um equipamento de medição de luz e/ou intensidade de cor. Serve para aferir e avaliar as condições de luz de um determinado espaço ou local em determinadas condições de iluminação. Mede também a intensidade de cor sobre uma base de referência. A chamada base de referência é de extrema importância, pois não podemos medir uma cor se não tivermos um neutro, um ponto que nos sirva de referência, que seja o nosso zero. A cor não é mais do que a luz reflectida na superfície dos objectos. Essa reflexão é influenciada pelas características, formas, e propriedades físicas do objecto iluminado e observado. Variando o ponto a partir do qual o objecto é observado, este reflecte a luz de determinada maneira, dando-nos uma informação de cor.
Um dos principais factores que podem influenciar directamente na qualidade da calibragem é a iluminação do ambiente. Basicamente, a cor é definida por três elementos: objecto, observador e iluminação. Sem luz, não existe cor e, dependendo da fonte de luz, a cor percebida do objecto muda completamente. Uma sala com um monitor e uma impressora perfeitamente calibradas pode parecer sem calibração se a iluminação não for adequada. A fonte de luz padrão para a indústria gráfica é chamada de D50 (5.000 graus Kelvin de temperatura de cor). Janelas podem atrapalhar um pouco a uniformização da iluminação. O ideal é utilizar uma sala sem janelas.
A temperatura de cor da sala de trabalho deve estar nos 5000 Kelvin, o monitor deve ter um ponto branco próximo deste, para que a cor do papel seja parecida com a do branco do monitor.
Por isso, o espectofotómetro deve ser usado em condições muito específicas, caso contrário, as leituras que faz podem estar a ser influenciadas e logo, não serem válidas.
Para calibrar um monitor, ou o que designámos caracterização, utiliza-se um espectrofotómetro/colorímetro, aparelho capaz de medir as características colo-rimétricas do monitor e criar profiles de cor (perfis de cor), que nada mais são do que arquivos gravados no sistema operativo, que contêm informações sobre a capacidade de cor de cada monitor. De cada vez que o computador enviar  um pixel de cor para a ecrã, este, vai "consultar" o profile de cor do monitor e ajustar a cor para que a sua representação seja a mais correcta.
Para calibrar uma impressora, utiliza-se um espectrofotómetro. Basta imprimir um target, que é um arquivo Tiff com vários quadradinhos de cor, que pode ser descarregado do site da European Color Initiative (ECI), consórcio europeu de qualidade de cor. Depois do target impresso, é lido pelo espectrofotómetro e então é gerado um profile de cor da impressora. Normalmente, as impressoras possuem um desvio de cor, mais claro, escuro, não importa. Cada vez que for feita uma impressão, o software de calibração verifica qual a característica da impressora e compensa-a.
À semelhança de qualquer outro instrumento de medição de precisão, deve ser manuseado com muito cuidado, por pessoas com habilitações para tal. Deve sempre estar nas mais perfeitas condições, deve ser mantido bem limpo e em local seco, sem possibilidade de queda, pois como é frágil, certamente ficaria danificado.
As questões de segurança prendem-se mais com a própria integridade do equipamento do que com quem o utiliza, pois não representa grande perigo. Mesmo a corrente eléctrica que usa é de baixa potência, podendo até ser alimentado por baterias. O seu peso é relativamente baixo para que constitua perigo de queda sobre algo ou alguém.

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